21 de junho de 2012

"Foi assim que me contaram...!"



Tem dias que tu pensas que vai ser mais um dia como outro qualquer, fazendo as mesmas coisas e tudo o mais. Domingo é sempre o dia em que eu e meu maridinho vamos até nossa construção, pois é estamos construindo uma casa aqui em Muaná. No começo fiquei assustada e receosa por começar uma obra nesta cidade, pois sempre pensei que estávamos aqui só de passagem, mas enganei-me, estamos a três longos anos aqui no Pará, mas não pensem que estou contra a minha vontade, gosto daqui, nada contra a cidade, um lugar tranquilo com uma população pequena, todos se conhecem e sabem tudo sobre a vida do outro (risos), pois é fofoca corre solto, como em qualquer lugar.

Sol o tempo todo, bem diferente do sul, que tem as quatro estações, aqui só há duas, inverno e verão, mas nada de frio como no sul, é muita chuva, o calor é o mesmo.
Estou me desviando do assunto que me traz até aqui neste instante. Bom, estávamos em nossa construção, quando de repente chegou um senhor com o nome de Clemente Magno, uma senhor super simpático e já foi se achegando e conversando, ele se apresentou como o homem que morreu e voltou do inferno e ainda pegou na barba de São Pedro. Curiosa como só eu sou, acabei perguntando como que aconteceu e ele relatou a seguinte história:
Deixe me explicar que tenho lá minhas dúvidas quanto à veracidade desse caso.
Mas como diria Xicó, (personagem de Ariano Suassuna em O Auto da Compadecida): "Foi assim que me contaram...!"
A mais ou menos três anos seu Clemente foi até uma festa, passou a noite inteira bebendo e dançando com uma turma de conhecidos, quase já de manhã resolveram ir para outro rumo para poderem continuar a bebedeira, pois quando eles começam não param tão cedo, e bem mais tarde resolveram sair daquele lugar, cada um foi para um lado com a promessa de se encontrarem em um ponto marcado por eles. Seu Clemente querendo encurtar o caminho se enfiou pelo mato adentro bem próximo do rio e a meio caminho ele simplesmente caiu desmaiado no meio do mato, sozinho sem ninguém próximo a ele, detalhe todos estavam bêbados. Um senhor que viu quando Seu Clemente entrar no mato e não o viu sair pelo outro lado, ficou preocupado pela demora, então mandou seu filho dar uma olhada, para a surpresa o filho veio correndo dizendo que ele estava morto, todos correram o pegaram e colocaram em um carro que ia passando, por um milagre porque aqui nesta ilha não havia muito carros, hoje ainda dá para contar nos dedos a quantidade de carros existentes na cidade, uma maravilha. Continuando, levaram para o hospital e lá diagnosticaram sua morte.
Fiquei de boca aberta, mas como? Será que estaria a frente de um morto vivo? Sei – lá. Ele disse que seu espírito foi levado pelo diabo ou um mensageiro dele, chegou ao inferno e foi mandado até as portas do céu, descreveu como um lindo lugar cheio de montanhas e muita natureza, mas que São Pedro com sua enorme barba branca na qual ele deu um puxão, o expulsou imediatamente dizendo que lá ele não entraria que o lugar dele seria o inferno. Não teve jeito Seu Clemente acabou voltando ao inferno. Ele mencionou que era de madrugada, mais ou menos três horas da manhã. Voltou ao inferno e se deparou com uma linda diabinha, totalmente negra, O diabão (conforme seu Clemente o chamava) o alertou que não mexesse com a diabinha porque era ela que cuidava de todo inferno. Seu Clemente apaixonado querendo chegar mais perto quase acaba caindo em um enorme abismo sem volta, poderíamos afirmar conforme a igreja declara que seria o purgatório? Ele não saberia dizer ao certo. O diabão olhou para seu Clemente pensativo e pausadamente lhe explicou que ele não poderia ficar no inferno também. Neste impasse de arranjar um lugar para seu Clemente ficar, sendo que nem no céu e nem inferno o quiseram, resolveu mandar seu Clemente novamente para seu corpo e ressuscitá-lo para que o Céu e o inferno pudessem resolver mais tarde para que lugar seu Clemente merecesse morar para toda eternidade.



E assim foi feito, seu Clemente retornou da terra dos mortos e ficou conhecido como o morto vivo, aquele que foi rejeitado pelo Diabo e por ter puxado a barba de São Pedro não pode entrar no paraíso....

Meu segundo amor...




Hoje estava recordando de meu segundo amor, o primeiro foi minha avó, que delicia que era na minha época de menina, nossa eu era tão tímida que quase derretia quando ele passava, eu simplesmente gostava muito dele e chegar perto nem pensar. Lembrei porque foi bem nesta época de festa junina. 
Um dia eu fui escolhida para dançar quadrilha e ele foi indicado para dançar com minha melhor amiga, o nome dela é Vilma, uma fofa que também gostava dele, pois é para o meu desespero e nunca havia dito a ela que também sentia o mesmo e nem posso afirmar quem gostou primeiro. Só que tinha um problema a Vilma não era nem um pouco tímida e por fim mandou um bilhete a ele e adivinha quem foi encubada da entrega? Acertou, foi bem a pessoa aqui, não parece um conto, uma novela das seis? Mas aconteceu comigo com certeza.
Entreguei o bilhete e fiquei arrasada e por fim fui para casa aos prantos, cheguei a casa e me joguei no colo de minha avó e lhe contei toda a historia, ela ria muito da situação e por fim me perguntou de quem mais gostava. Nossa que pergunta difícil, pois a Vilma era tudo para mim e nem sei como viveria sem ela, éramos unha e carne e sempre brigávamos, mas não ficávamos muito tempo longe uma da outra, uma vez fugimos de nossas casas e fomos até o centro da cidade, morávamos em Curitiba, na verdade fomos à biblioteca sozinhas, foi uma verdadeira aventura, acabamos voltando para casa e nossas famílias nem ficaram sabendo, mais tarde contei para minha avó, claro que ela não pode fazer nada, pois eu já era adulta, ela ficou de boca aberta. Voltando a pergunta fiquei olhando para minha avó atônica sem saber o que lhe dizer, mas meu carinho pela Vilma falou mais forte não iria de jeito algum dizer alguma coisa, simplesmente desisti. Cada vez que ia entregar um bilhete a ele meu coração apertava. Mais tarde o namoro dos dois acabou e minha amizade com ela estava intacta. Um dia correndo para a sala de aula escorreguei na grama bem na frente de todos e ele correu levantou-me e levou-me até o banco e perguntou se estava bem, com minhas idas até a ele levar o bilhete ficamos bons amigos e foi só o que aconteceu, foi apenas um carinho de um grande amigo.
Um dia ele veio despedir-se disse que iria morar em outra cidade, chorei muito não por que gostava dele e sim pelo amigo que iria embora. Lembrando-me de tudo que vivi naquela escola senti saudades daquela época que tudo era inocência... E nunca esqueço da minha querida melhor amiga Vilma.