29 de fevereiro de 2012

LENDA DA MATINTA PEREIRA

  
Quem dizer que a cidade de Muaná é parada é porque não conhece seu próprio lugar, me divirto com as historias que o povo conta.
Antes de contar para vocês lenda da Matinta Pereira, tenho que explicar que Muaná é uma ilha, pertence para o Estado do Pará e é uma das Ilhas do Marajó. A fabrica a qual meu marido é responsável fica em outra ilha e só consegue chegar até ela de casquinho (nome local o qual no sul chamamos de canoa). A fabrica é rodeada de matas expressas, deu para entender? Pois bem Meu marido recebeu uma informação dos vigias que toda a noite tem alguém assoviando para eles, já fizeram de tudo e até tiros deram e nada. Então um vigia de outro turno comunicou que seria a tal da Matinta Pereira. Meu marido chegou em casa me contando a tal da historia e eu como sou curiosa, desde pequena, não me contentei só com esta informação sai perguntando para as pessoas mais antigas na cidade a fim de obter mais informações.
Pois bem o que consegui coletar foi o seguinte uns dizem que é uma velha ou velho que se transforma em um pássaro e outros dizem que ela é uma velha ou velho muito mau e que vai atrás de quem zomba dele (a). Pelo que pude entender é que se uma senhora ou um senhor já em idade avançada, que vive sozinho e que não tem o costume de conversar muito, que more perto da mata e que faz tudo para afastar as pessoas do seu convívio por ter uma personalidade muito má, há pode apostar que a noite ela vira Matinta.  Ela sai à noite e fica sobrevoando e assustando as pessoas que a provocam durante o dia, assusta as criações, porcos, cavalos, galinhas e até cachorros.
Então como afastá-la um senhor que trabalha na fabrica falou que a Matita gosta muito de tabaco, então quando ela assoviar devesse dizer bem alto: “vem buscar o teu tabaco”, bem cedinho, a primeira pessoa que bate à porta do curioso vai logo dizendo a que veio: "bom dia, seu fulano! Desculpe ser tão cedo, mas é que eu vim aqui buscar o tabaco que o senhor me prometeu noite passada!”. Descobre-se quem é a Matinta e se ela não ganhar o que lhe fora prometido ela vem à noite atacar e fica mais brava. Existe outra maneira de descobrir a pessoa que se transforma em Matinta através de uma simpatia, com uma tesoura aberta, uma chave e um terço a meia noite enterram na mata e a matinta não consegue sair daquele local, ela se transforma em humano novamente e quando é desenterrado a pessoa fica livre, mas não deixa de se transformar.
Isso é uma maldição que ninguém sabe como se iniciou. Algumas pessoas que já a viram, ficaram paralisadas de tanto medo, ela é descrita como uma descabelada e que flutua pelo ar com os braços erguidos.
Há nunca ninguém conseguiu dar cabo de uma matita, ninguém consegue matá-la, mas como todos os personagens do folclore nunca se ouviu dizer que alguém tenha matado uma mula sem cabeça ou um saci pererê não é mesmo? Bom um dia ela morre, mas quando ela prevê que isso vai acontecer sai pelas palafitas gritando bem alto “Quem quer? Quem quer?”. Que falar nem que seja por brincadeira “eu quero” fica com a maldição então este carma passa para a pessoa que aceitou.
Então meu povo cuidado não vai aceitando qualquer coisa por ai mesmo que for de graça, desconfie. Bom agora me deu um frio no estomago, tem sempre uma senhorinha, bem velhinha que vem aqui no meu portão me vender limão, ela vende três limão por dois reais, mas eu compro mesmo assim para ajudar porque ela não tem ninguém que cuide dela. Será que ela poderia ser a matinta?
Deixo uma frase que passei a usa-la em meus escritos sobre lendas do Pará. Como começou esta lenda? “Não sei, só sei que foi assim.” Frase de Chicó. Estou saindo vou dar uma chegada em algum lugar que venda tabaco.É eu sei, já falei que não acreditava nestas lendas mais não é bom brincar com isso. Passei a respeitá-las.

«No creo en brujas, pero que las hay, las hay».