1 de julho de 2013

SAI DESTA VIDA MINHA FILHA

imagem do Google

A neblina subindo com o nascer do sol um dia maravilhoso para plantar, portanto minha cunhada que estava um pouco impossibilidade de sair para buscar mudinhas de varias hortaliças e flores que havia encomendado de um senhor fazedor de mudinhas, me liga e diz se poderia fazer aquela gentileza de ir até um sitio pegar as tão esperadas plantinhas. Lá fui eu com o marido buscá-las.

Chegando ao local fiquei maravilhada com tantas estufas com variados tipos de mudas, havia flores, hortaliças, árvores frutíferas e ornamentais para paisagismo. Fiquei pensando como a natureza é rica em cores e variedades.

Por fim pegamos a encomenda e colocamos em uma picape corça, porem ficou faltando as de beterraba. Havia ficado na casa do plantador e teríamos que ir até a casa dele, não era muito longe porem iriam demorar e como na picape só havia dois lugares resolvi ficar lá na estrada esperando. Marido não queria, mas insisti tanto que ele acabou por concordar.

E por lá fiquei olhando a picape se afastar, olhei em minha volta e decidi sentar em uma pedra, destas pedras que ficariam até bonita em um jardim, ela era grande e redonda como se tivesse sido esculpida naquela hora, fiquei lá sentada pensando nas mudinhas e fiquei imaginando um lugar em casa que poderia fazer um canteiro com aquelas flores coloridas que não lembro no momento o nome delas. De repente olhei mais alem para uma casa bem antiga de alvenaria em estilo enxaimel típica casa alemã, alguém me espiava, me pareceu ao longe uma senhora que aos poucos foi se chegando e no meio do caminho resolveu voltar. Depois de uns minutinhos ela retornou com uma xícara de café e um pedaço de pão, era bem idosa que arrastava seus pezinhos. Chegou até a cerca próximo da cerca e me estendeu o que trouxera e disse para que pegasse, pois seus braços já estavam doendo. Corria até a cerca e peguei sem entender ao certo o que estava acontecendo, disse-me que tomasse logo o café com leite que ainda estava quentinho, fazia um dia muito frio naquele dia, a obedeci e tomei o café. Ela se apresentou e perguntou como me chamava, qual era minha idade, se era casada, se tinha filhos e aos poucos fui lhe respondendo e comendo o pão que ela ficava o tempo todo me mandando dar uma mordida, porque seu pão era o melhor da região. Estava me divertindo, também estranhando seu jeito todo bondoso. Foi quando ela me falou algo que me desconcertou: “Sai desta vida minha filha, és uma moça tão bonita não precisa disso para viver”. 
Misericórdia... Abri a boca para lhe explicar que estava ali esperando meu marido, mas não adiantou ela dizia que não precisa ficar brava ou com vergonha, porem ela precisava me dizer que na vida podemos procurar outro caminho alem da prostituição. Fiquei vermelha de raiva, me olhei e estava toda encasacada como ela ousava dizer aquelas coisas, queria gritar, chamá-la de louca e intrometida, mas então olhei para seus olhos bondosos e lembrei-me de minha avó que era bem assim metida em querer salvar o mundo. Não poderia ser mal educada com aquela pessoa idosa só por ter me confundido com uma moça de vida difícil, sim porque não concordo quando as chamam de mulheres de vida fácil se viver daquela forma é fácil imagine o difícil, entrei no jogo dela ou na confusão não sei, disse-lhe: “Estou tentando, mas depois desta conversa com certeza sairei.” Nossa ela abriu um lindo sorriso e gritou “Deus seja louvado” e logo minha carona chegou. Despedi-me daquela senhora que nem lembro o nome, mas que ficou em minha memória. Contei a historia para meu marido e seguimos o caminho até em casa rindo da confusão. 

Mesmo sendo engraçado não parei de pensar no coração bondoso daquela senhora se preocupando com uma estranha, mesmo ela me confundindo, não teve preconceito em tentar ajudar e levar uma palavra amiga. Quantos de nós já julgamos sem tentar entender o motivo que leva algumas pessoas a entrar em um mundo onde se perde o respeito pelo próprio corpo. No meu mundo aprendi a ter respeito pelas pessoas e tentar compreender totalmente o lado do outro e aceitar as pessoas como elas são sem julgamento, porque pelo até onde sei não nos formamos juízes na escola da vida, nos tornamos mais humanos com nossos próprios sofrimentos e por este motivo não temos o direito de provocar mais dor ainda com nossos julgamentos preconceituosos a estas pessoas que são como dizem de caráter duvidoso para os puritanos escondidos dentro de seus conceitos sem clareza. Não precisa sair por ai igual a político apertando a mão de todos, só precisa olhar as pessoas com mais compaixão e não sair por ai fazendo piadas ou julgando a vida do outro, somos responsáveis pelo que fizemos a nós mesmo e se foi errado é entre a pessoa e Deus, só ele poderá julgar o que eu duvido que o faça severamente.

Lembro de uma vez em que fui a um encontro de catequistas com uma amiga, iria vir um padre muito conhecido no meio dos católicos, padre Getúlio, e quando chegamos lá havia um moço todo amarrotado e bem gasta, cabelos compridos revoltos e barba por fazer, eu na verdade pensei que ele fosse o cara do som, escutávamos rumores de todos os lados porque ele ficava o tempo todo andando para todos os lados e quando começaram as apresentações ele pegou o microfone e se apresentou para a multidão... Detalhe ele era o tal padre, víamos o terror no rosto de algumas pessoas por julgá-lo ser um mendigo e alguns até choraram. Nossa... Acabou com a pose de alguns, claro que também fiquei surpresa por achar que ele era de alguma banda, rsrsrs, na verdade foi uma lição para todos nós, aprendendo sempre...




Uma das mais belas lições que tenho aprendido com o sofrimento: 
Não julgar, definitivamente não julgar a quem quer que seja... Chico Xavier

Beijinhos...