Em uma fornalha escaldante e em
um sopro de vida eu nasci, entre muitos, delicadamente fui moldado e depois de
vários detalhes tornei-me um lindo copo de vidro. Fazia parte de um conjunto de
uma jarra para licores e com seis copinhos a lhe rodearem. Tão logo fiquei pronto embrulharam-me em plásticos
com bolhas, fomos encaixotados e em alguns dias fui vendido, no transporte adormeci.
Ao acordar estava em uma velha sala, fomos arrumados em uma linda bandeja
colocada em um aparador próximo da janela. A casa era antiga e minha dona era
uma senhora ranzinza que olhava o tempo todo pela janela, ficava horas naquela
posição. Na verdade ela era uma pessoa muito solitária, afastava todos com suas
rabugices. Tinha o costume de falar o tempo todo sozinha e comentava sobre os
novos vizinhos que acabaram de chegar, havia uma menininha entre eles e ela
deixava cair em seu jardim sua bola, a qual irritava minha dona. Um dia minha
dona resolveu recolher a bola e a menininha batia em sua porta frequentemente,
a avó da menininha foi ter com ela. Bateu em sua porta e minha dona contrariada
a deixou entrar e logo atrás da velhinha entrou também a menininha e foi assim
que a conheci, ela veio toda encantada em minha direção, tocou-me com suas mãos
macias tinham cheiro de rosas. Porem aquele encanto não durou muito, minha dona
mais do que depressa me arrancou das mãos da menininha a advertindo que deveria
apreciar-me com os olhos. Imaginei que
nunca mais a veria novamente dentro daquela casa, enganei-me, todos os dias a
menininha batia na porta e quando minha dona a abria ela dizia que veio me
apreciar só com os olhos e foi assim por muitos dias até que com a perturbação
minha dona começou a apreciar aquela visita que não a deixava em paz com tantas
perguntas. Minha dona era sozinha nunca tivera filhos, pois seu amor havia
falecido muito cedo, sem lhe dar a oportunidade de ser mãe. Aquela menininha derretera o coração de minha
dona que mesmo mostrando autoridade se preocupava quando a menininha não
aparecia no horário.
Passaram-se anos naquela amizade
até que um dia o pai da menininha fora transferido de seu trabalho para outra cidade
e eles teriam que se mudar, foi com grande tristeza que minha dona recebera a
noticia, novamente vi naqueles olhos cansados uma tristeza já conhecida por mim
nos velhos tempos, ouve muitas lagrimas tanto em minha casa como na casa da
menininha, mas não teve jeito chegou o grande dia da mudança, elas abraçaram-se
muitas vezes prometendo uma para a outra que não se esqueceriam da amizade tão
linda e cativante.
Minha dona entrou correndo na
casa pegou-me mais do que depressa me encostou próximo de seu coração, o qual pude
sentir que batia compassadamente, entregou-me na mão da menininha e disse que
agora eu era dela, para que não a esquecesse, jamais. A menininha me aninhou em
seu colo, tirou um de seus laços do cabelo e lhe entregou chorando. Ela que já
não mais era minha dona pegou o laço e apertou em seu peito e assim o carro deu
a partida, ficamos olhando para trás até o carro fazer a curva e foi a ultima
vez que a vimos.
Eu tornei-me um símbolo da
amizade, estou guardado como um troféu e meus dias seguem, tenho muitas
saudades de minha ex dona, ela sempre conversava comigo e tirava meu pó, fico
imaginando se um dia a menininha, que não é mais uma menininha, ira um dia
tirar meu pó e trocar algumas palavras, porem só fico esperando um dia tão
longe de chegar....
Verinha
Esta é minha participação no desafio da amiga Cris Henriques do blog O que meu coração diz.
Se você sentir o desejo em participar é só clicar neste link:
Lá explica como deverás participar.
Espero que esteja a altura de um conto para este desafio, agradeço a amiga Cris pelo convite o qual adorei poder participar. Espero que você goste. Beijinhos.
A quem passar por aqui desejo
Uma semaninha de paz e amor
Verinha, minha linda!
ResponderExcluirQue conto criativo e bem estruturado! Adorei!
Gostei muito do novo visual do blog.
Abração
Jan
Olá Jan, obrigada fico feliz pelo elogio, muito mesmo, to toda boba.
ExcluirQue bom que você gostou do visual é como minha alma esta bem clarinha.
Abração e beijinhos.
Olá Verinha! Belo conto! Penso até que há algo pessoal nisso tudo, pois toda história traz fragmentos de outras. Somos aliterantes por natureza, não é? Um abraço!
ResponderExcluirAugusto, menino com certeza tem muito de pessoal, a menininha sou eu, tinha até pouco tempo este copinho, derreti uma vela colorida e com essências de rosas, ficou um lindo porta velas que sempre acendia no natal, era um ritual, pena que filhinha quebrou, porem a vela ficou bem redondinha. Imagine o quanto marcou minha vida. De repente resolvi colocá-la sendo eu um copo de vidro, se encaixou perfeitamente. Realmente acertaste, somos aliterantes mesmo. Um grande abraço.
ExcluirQuerida amiga Verinha,
ResponderExcluirAdorei a tua história, comoveu-me um pouquinho. Está linda e aprovadíssima!
Parabéns e obrigada pela tua participação, podes colocar o link no post "Presentes de Natal".
Saudades tuas...
Beijinhos,
Cris Henriques
http://oqueomeucoracaodiz.blogspot.com
P. S. - Adere à minha comunidade "Escritores Criativos -
http://plus.google.com/u/0/communities/118275103014865235924?cfem=1
Oi amiga,legal que você gostou estava apreensiva, talves alguns erros de português, me animei vou escrever mais e melhorar, amei participar deste desafio que foi enorme.
ExcluirObrigada pelo carinho, também estava com saudades.
Beijinhos.
Vou colocar o link e visitar a comunidade.
Olá!Boa tarde!
ResponderExcluirVerinha
Tudo bem?
Parabéns por participar do desafio.Sim...texto bem estruturado e comovente em sua mensagem principal. Impossível não amarmos o "copo de vidro", que se tornou o símbolo de uma amizade, que chegou, devagarzinho e com carinho, sequer ouvimos os passos. E, agora, o copo está ali cheio de amizade, transbordando de saudades. Mas entregue ao sorriso...de uma amizade eterna...
Obrigado pelo carinho das palavras em meu blog! Muito feliz por isso.
Bela semana!
Beijos
ClicAki Blog(IN)FELIZ13
Olá Felisberto.
ExcluirLinda historia não é mesmo, também fiquei emocionada por gostares. Realmente este copinho é um simbolo de amizade transparente e de graça. Eu que agradeço por sempre me visitares, é um prazer estar em seu blog. Beijinhos.
Nossa!! Eu já li alguns textos desse desafio, e achei o máximo.
ResponderExcluirSua história ficou linda amiga..
Menina outro dia tentei entrar aqui e não consegui.. fiquei preocupada, ainda bem que agora deu certo...
Adoro esse cantinho e essa blogueira linda..
Um beijo e uma noite especial viu?
Oi Sheila, tudo bem amiga, que felicidade que você conseguiu hoje, as vezes é problema técnico do próprio blog, sei lá, kkkkkkkkk, o importante é que você esta aqui. Beijinhos amiga e uma noite super especial a você.
ExcluirOlá, Verinha.
ResponderExcluirBelo texto; acho que é um bom exercício de imaginação pensarmos como seria se os objetos a nossa volta tivessem vida e interagissem conosco.
Abraço.
Oi Jacques.
ResponderExcluirImagina a loucura aqui em casa, assim não ficaria tão sozinha o dia todo,kkkkkk
Obrigada e fico feliz que tenha gostado de minha aventura no mundo literário.
Beijinhos.